Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o
‘de’, o ‘aliás’
o ‘o’, o ‘porém’ e o ‘que’, esta incompreensível muleta que me apóia. Quem entender a linguagem entende Deus cujo filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.
PRADO, Adélia. Poesias reunidas. São Paulo: Siciliano, 1998.
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