quinta-feira, 30 de abril de 2009

O vestibular é justo?


Alguns países democratizaram o ensino médio há cerca de 100 anos e, aos poucos, foram fazendo o mesmo com o ensino superior. Os Estados Unidos, o Canadá, a Coréia do Sul, por exemplo, levam perto de 80% de sua população à universidade.
É claro que, nesses países, o vestibular não é excludente; se o fosse, esses números não seriam alcançáveis. Exemplificando, nos Estados Unidos, o papel desse exame é localizar o estudante na universidade que melhor desenvolveria suas habilidades.
A sociedade americana trilhou nessa área um caminho que vale a pena estudar: não só construiu a melhor universidade do mundo (o critério é acadêmico - é a mais citada por outras universidades em trabalhos acadêmicos), mas também a que abriga um número espantoso de alunos, até de outros países, que lá aprendem/produzem conhecimento de ponta.
Não se quer com isso defender que esse modelo seja exportado e copiado em todos os outros países, independentemente de sua história e de sua cultura, mas é preciso constatar os efeitos positivos desse sistema para a sociedade global: há avanços científicos e tecnológicos de que se desfruta no mundo, forjados nos inquietos "campus" americanos.
Para entender o sistema, no entanto, é bom considerar sua pluralidade - nem todo estudante americano, por exemplo, freqüenta as chamadas Ivy Leagues, onde só estuda a elite intelectual americana, egressa de qualquer estrato social, identificada através de um exame nacional seriado, que acontece ao longo do ensino médio. Mas não é por isso que um conjunto grande de alunos não terá um lugar no ensino superior: há uma multiplicidade de tipos de universidades que formam de médicos a tratoristas, passando por pedreiros, encanadores, esteticistas, motoristas de táxi, nos freqüentadíssimos Community Colleges, onde, aliás, estão 50% dos universitários americanos.
Ensina-se de tudo na universidade americana - artes ou ciências -, principalmente se profissionaliza uma população grande que, através de um conhecimento também humanístico, é capacitada para se debruçar sobre problemas reais e os enfrentar ou resolver, pensando sobre eles.
É conhecida a dificuldade de brasileiros que, estudando nos Estados Unidos, são instados a resolver problemas de empresas americanas que enviam à universidade seus impasses reais para que sejam apresentadas soluções a fim de superá-los.
Bolsistas ou pagantes (de toda sorte - uns pagam muito, outros nem tanto, porque fazem trabalho voluntário, esportes, arranjam empregos variados, trabalham no "campus" em creches, no jardim, nas cantinas...), os americanos se orgulham dos números de sua universidade, um sistema complexo e grande, que conseguiu profissionalizar uma população eficiente e rica.
É claro que há outros valores noutras sociedades e culturas e é aí que entram as adaptações e a criatividade de cada povo. Mas o que se quer aqui é apenas considerar o papel do vestibular nesse sistema: localizar o aluno numa universidade para que seus talentos sejam desenvolvidos e aproveitados socialmente, porque a sociedade americana disponibiliza vagas para quase todos. E o vestibular segue as regras desse jogo.
Não é o que acontece na sociedade brasileira, sabidamente uma das mais excludentes do planeta. Apenas 10% da população completa cursos universitários cujos modelos monolíticos variam somente em relação à qualidade dos alunos que chegam: os cursos modelam grade curricular, carga horária, metodologia e didática igualmente, o que, ao longo da formação acadêmica, vai forjando dois grupos de profissionais - o mais capaz e o menos - e, mais tarde, uma multidão incontável de desempregados ou subempregados que mais recentemente resolveu virar a turma que faz rotineiramente concursos públicos, como se fosse possível a uma sociedade empregar toda a sua população na esfera pública sem a contrapartida da iniciativa privada responsável pela geração da riqueza.
Muito recentemente começam a "pipocar" universidades alternativas aqui em Pernambuco, como o Cefete ou o Senac, mas são iniciativas recém-nascidas nas quais a população ainda não acredita e que, num processo lento, terminarão por conquistar seu lugar no sistema.
No Brasil, portanto, o vestibular tem um papel diferente do que tem nos Estados Unidos: ele precisa cumprir um "dever de exclusão" porque a sociedade brasileira disponibiliza "vagas" para poucos - certamente uma sociedade excludente precisa de mecanismos de exclusão e nosso vestibular é apenas uma entre as muitas ferramentas que o sistema utiliza para descartar a maioria.
Nosso vestibular é freqüentemente acusado de injusto e excludente. E é. Mas ele é apenas a ponta do "iceberg" de nossa lógica política; é apenas a cachoeira de um rio que se estreita absurdamente ao longo do seu leito e que afoga gente demais nas suas águas.
O que precisamos enxergar no espelho desse rio é nossa face refletida. Com um revólver nas têmporas.
É difícil o percurso: democratizar a qualidade do ensino fundamental, quebrar a lógica da reprovação escolar, incluir a pluralidade com suas necessidades especiais, capacitar os professores para enfrentar desafios imprevisíveis, valorizá-los para que se sintam parte de um projeto social essencial, repensar o ensino médio a fim de prepará-lo para a diversidade que o alcançará, priorizar o essencial e descartar o desnecessário. Sobretudo encarar as disparidades e as contradições.
É difícil. Mas é inescapável e urgente.
O vestibular é injusto, até porque a sociedade brasileira é injusta. Democratizá-la é tarefa de todos e isso se faz num processo lento e penoso de embates de quereres e interesses de toda sorte.
De qualquer forma, há fraturas visíveis na arquitetura dessa lógica excludente dentro de cada brasileiro que começa a se inquietar buscando saídas e soluções. Mas é preciso mais empenho.
Que façamos do espetáculo de nossa desmedida violência impulso para buscar novos caminhos, orientados por outra bússola: a da maioria. E que nossa criatividade e nossa alegria costurem um tecido mais elástico cuja trança seja fruto do trabalho e da participação de todos nós.

DANUZA MORAIS.


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terça-feira, 28 de abril de 2009

Dicas para o vestibular

Atenção 3° ano, fiquem atentos aos toques que estarei dando aqui no blog. Vamos aumentar esta média. Isso ´euma ordem!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

FLIPORTO 2009

Na melhor praia do Brasil a melhor literatura ibero-americana.

“Damo-nos tão bem um com o outro/ Na companhia de tudo/ Que nunca pensamos um no outro,/ Mas vivemos juntos e dois/ Com um acordo íntimo/ Como a mão direita e a esquerda.” Muitas vezes a situação cultural do Brasil (e os seus vizinhos), Portugal e Espanha (também vizinhos) se assemelha a essa situação descrita por Fernando Pessoa (noutro contexto, é claro). Paradoxal. Temperada com a sensação de que há muito ainda por fazer para celebrar o encontro, a fraternidade, a união entre esses povos.

Gilberto Freyre via com tanta clareza a integração do Brasil a Espanha, Portugal e África que até criou uma ciência para interpretar isso: a tropicologia. João Cabral de Melo Neto disse que os rios Capibaribe (em Pernambuco) e o Guadalquivir (na Andaluzia) eram da “mesma maçonaria”. A verdade é que o Brasil e os seus irmãos de continente integram um mundo comum: o ibérico. É a literatura o melhor meio de provar (saborear) tudo isso.

E se num mesmo porto, numa mesma praia, pudessem confraternizar alguns dos melhores escritores da literatura ibero-americana da atualidade? E se os grandes nomes do iberismo pudessem ser homenageados e tivessem suas obras redescobertas? E se a literatura fizesse o que melhor sabe – dialogar – presente com passado e futuro, poesia erudita com música pop, Gutenberg com Steve Jobs? Seria uma festa. É isso o que pretende ser a Fliporto 2009. Na melhor praia do Brasil a melhor literatura ibero-americana.

domingo, 19 de abril de 2009

REFORMA ORTOGRÁFICA: Acentuação gráfica

A acentuação gráfica consiste na aplicação de certos sinais escritos sobre determinadas letras para representar o que foi estipulado pelas regras de acentuação do idioma. Entre estes sinais estão os diversos acentos gráficos, além do restante dos diacríticos (como o trema, o apóstrofo e o hífen).

Acentos gráficos e diacríticos

* o acento agudo ( ´ ) - colocado sobre as letras a, i, u e sobre o e do grupo em, indica que essas letras representam as vogais tónicas da palavra: carcará, caí, armazém. Sobre as letras e e o, indica, além de tonicidade, timbre aberto: lépido, céu, léxico.

OBS: Nem sempre o acento agudo indica vogal aberta. Pode, tão somente, quando sobreposto a i e u, assinalar vogal tónica: tímido, caí, túmulo, baú.

* o acento circunflexo ( ^ ) - colocado sobre as letras a, e e o, indica, além de tonicidade, timbre fechado: lâmpada, pêssego, supôs, vêem, Atlântico.

* o til ( ~ ) - indica que as letras a e o representam vogais nasais: alemã, órgão, portão, expõe, corações, ímã.

* o acento grave ( ` ) - indica a ocorrência da fusão da preposição a com os artigos a e as, com os pronomes demonstrativos a e as e com a letra a inicial dos pronomes aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: à, às, àquele, àquilo.

OBS: Quando seguidas de m ou n, as letras e, e, o representam vogais nasais, comumente fechadas, recebem acento circunflexo, e não agudo. Ex: câmara, fêmur, ânus. A única exceção ocorre nas terminações -em, -ens em que se usa acento agudo [porém, contém, provém, parabéns], a não ser nas formas da 3ª pessoa do plural, quando passa a usar o circunflexo.

* o apóstrofo - nuns poucos casos, assinala a supressão de fonemas: 'tá, frango-d'água, pau-d'oco, "Vozes d'África", 'stamos, 'maginar, 'bora, etc.

* o trema ( ¨ ) - indica que o u é semivogal, ou seja, é pronunciado atonamente nos grupos gue, gui, que, qui: ungüento, sagüi, seqüestro, eqüino (essa grafia não é utilizada mais atualmente, o trema porém continua a ser aplicado em palavras estrangeiras como sobrenomes, e.g. "Müller").

[editar] Regras básicas

As regras de acentuação gráfica procuram reservar os acentos para as palavras que se enquadram nos padrões prosódicos menos comuns da língua portuguesa. Disso, resultam as seguintes regras básicas:

* proparoxítonas - são todas acentuadas. Têm a antipenúltima sílaba tônica e, nesse caso, é a sílaba que leva acento. É o caso de: lâmpada, relâmpago, Atlântico, trôpego, Júpiter, lúcido, óptimo, víssemos, flácido.

* paroxítonas - são as palavras mais numerosas da língua e justamente por isso as que recebem menos acentos. Têm a penúltima sílaba tônica. São acentuadas as que terminam em:
o i, is: táxi, beribéri, lápis, grátis, júri.
o us, um, uns, on, ons: vírus, bónus, álbum, parabélum, álbuns, parabéluns.
o l, n, r, ei, x, ps': incrível, útil, ágil, fácil, amável, éden, hífen, pólen, éter, mártir, caráter, revólver, jóquei, tórax, ônix, fênix, bíceps, fórceps, Quéops.
o ã, ãs, ão, ãos: ímã, órfã, ímãs, órfãs, bênção, órgão, órfãos, sótãos.
o ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de s: água, árduo, pónei, cáries, mágoas, jóqueis.

* oxítonas - Têm a última sílaba tônica. São acentuadas as que terminam em:
o a, as: Pará, vatapá, estás, irás, cajá.
o e, es: você, café, Urupês, jacarés.
o o, os: jiló, avó, avô, retrós, supôs, paletó, cipó, mocotó.
o em, ens: alguém, armazéns, vintém, parabéns, também, ninguém.

* monossílabos tônicos - são acentuados os terminados em:
o a, as: pá, vá, gás, Brás, cá, má.
o e, es: pé, fé, mês, três, crê.
o o, os: só, xô, nós, pôs, nó, pó, só.

* ditongo - abertos tónicos quando em palavras oxítonas
o éi: anéis, atéia, papéis
o éu: céu, troféu, véu
o ói: constrói, dói, herói

* hiato - i e u nas condições:
o sejam a segunda vogal tônica de um hiato ;
o formem sílabas sozinhos ou com s na mesma sílaba ;
o não sejam seguidas pelo dígrafo nh ;
o não forem repetidas (i-i ou u-u) ;
o não sejam, quando em palavras paroxítonas, precedidas de ditongo ;

ex.: aí: a-í; balaústre: ba-la-ús-tre; egoísta: e-go-ís-ta; faísca: fa-ís-ca; viúvo; vi-ú-vo; heroína: he-ro-í-na; saída: sa-í-da; saúde: sa-ú-de.

* Não se acentuam as palavras oxítonas terminadas em i ou u (seguidos ou não do s). Palavras como baú, saí, Anhagabaú, etc., são acentuadas não por serem oxítonas, mas por o i e o u formarem sílabas sozinhos, num hiato.

[editar] Acento diferencial

O acento diferencial é utilizado para diferenciar palavras de grafia semelhante. Usamos o acento diferencial - agudo ou circunflexo - nos vocábulos da coluna esquerda para diferenciar dos da direita:

* pôde (pret. perf. do ind. de poder) - pode (pres. do ind. de poder)
* pôr (verbo) - por (preposição)
* fôrma (substantivo) - forma (substantivo e verbo)

O acento em "fôrma" pode ser considerado opcional.

[editar] Fonte

* KURY, Adriano da Gama. Ortografia, Pontuação e Crase. 2. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1986.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Agenda literária

8º Festival Nordestino de Poetas Populares – Fenopop
Onde: Teatro do Parque
Quando: sexta-feira (17), às 20h30
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Denotação X Conotação

Na linguagem coloquial, ou seja, na linguagem do dia-a-dia, usamos as palavras conforme as situações que nos são apresentadas. Por exemplo, quando alguém diz a frase “Isso é um castelo de areia”, pode atribuir a ela sentido denotativo ou conotativo. Denotativamente, significa “construção feita na areia da praia em forma de castelo”; conotativamente, “ocorrência incerta, sem solidez”.

Denotação: É o uso do signo em seu sentido real.

Conotação: É o uso do signo em sentido figurado, simbólico.

Signo

Para que seja cumprida a função social da linguagem no processo de comunicação, há necessidade de que as palavras tenham um significado, ou seja, que cada palavra represente um conceito. Essa combinação de conceito e palavra é chamada de signo. O signo lingüístico une um elemento concreto, material, perceptível (um som ou letras impressas) chamado significante, a um elemento inteligível (o conceito) ou imagem mental, chamado significado. Por exemplo, a “abóbora” é o significante - sozinha ela nada representa; com os olhos, o nariz e a boca, ela passa a ter o significado do Dia das Bruxas, do Halloween.

Signo = significante + significado.

Significado = idéia ou conceito (inteligível)

Exercícios

1) Leia atentamente os textos abaixo e indique D quando prevalecer a denotação e C quando prevalecer a conotação:

a) ( ) “O ano de 1948, em Pernambuco, foi marcado por um processo revolucionário, liderado por um Partido Liberal radical.”

b) ( ) “Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois - Recife das revoluções libertárias - Mas o Recife sem história nem literatura - Recife sem mais nada - Recife da minha infância”

c) ( ) “ depois de analisar os prontuários de 964 pessoas operadas np Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, no Recife, o médico Cláudio Moura Lacerda de Melo, 31 anos, concluiu que seus colegas exageraram na requisição de exames radiológicos e de laboratório, ao mesmo tempo em que dão pouca atenção ao exame direto do paciente e a uma conversa com ele sobre o seu histórico de saúde”.

d) ( ) “Em todo triângulo, o quadrado de qualquer lado é igual a soma dos quadrados dos outros dois, menos o duplo produto destes dois lados pelo co- seno do ângulo que eles formam.

e) ( )“ A ciência que se constituiu em torno dos fatos da língua passou por três fases sucessivas antes de reconhecer seu verdadeiro e único objeto’’

f) ( ) “Tantas palavras / Que eu conhecia / E já não falo mais, jamais/ Quantas palavras/ Que ela adorava/ Saíram de cartaz”

g) ( ) “ Abriu os olhos devagar. Os olhos vindos de sua própria escuridão nada viram na desmaiada luz da tarde. Ficou respirando. Aos poucos recomeçou a enxergar, após poucos as formas foram se solidificando, ela cansada, esmagada pela doçura de um cansaço”

h) ( ) “Na literatura brasileira de hoje, talvez seja o conto o gênero de maior destaque, em termos de vigor e criatividade”.

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